Entrevista com o Grupo Vida Seca

12 de junho de 2009 às 3:43 | Publicado em Entrevistas, Vídeos, Vida Seca | 4 Comentários


João Cassiano

3 de novembro de 2008 às 15:43 | Publicado em Entrevistas, João Cassiano | 2 Comentários

João Cassiano, percussa da Chico Correa Eletronic Band, o cara é um monstro! Deixo nas palavras do próprio:

Batuque Brasileiro: Um breve resumo da sua trajetória como percussionista.

João Cassiano: Interesse no batuque sempre tive desde pequeno, aliás nas artes em geral, tenho uma família com vários artistas (por profissão e por coração), então sempre convivi com músicos, atores, artistas plásticos, meu pai sempre comprava umas percussões e botava pra gente tocar… Quando cheguei a adolescência, a casa ainda tinha uma circulação muito grande de músicos, então invariavelmente eu pegava uma percussa pra tentar acompanhar a galera. Deixei essa brincadeira de lado até o ano de 2000, quando rolou uma oficina com o Naná Vasconcelos que participei, ai um amigo músico viu e fez “cara tu tem jeito, quer participar da minha banda?” eu aceitei e a partir daí fiz alguns cursos, toquei em tudo que é buraco em João Pessoa, na Paraíba e no Brasil e to por aí rodando

B.B.: Qual é sua raiz percussiva, como começou?

J.C.: Como falei, ia tentando acompanhar a galera da mpb quando adolescente, depois entrei numa banda que fazia som experimental, som orgânico mas com intenção eletrônica… Não comecei com um estilo definido, que aparece em minha maneira de tocar até hoje – isso aconteceu depois de um tempo por causa das bandas que trabalho e do que gosto, das minhas preferências. Minha “raiz percussiva” é de ritmos regionais nordestinos (como côco-de-roda) batuques afro-brasileiros, música eletrônica (como o rap, o jungle e o ragga) e música árabe, em especial a música feita no norte da África (um interessante cruzamento entre os sons africanos e do Oriente Médio).

B.B.: Quais instrumentos você toca?

J.C.:Poxa eu já toquei de tudo dentro do universo percussivo, e sempre tô querendo aprender um instrumento novo… Mas os que eu gosto mais são o derbake, instrumento usado em todo oriente médio, uma parte da áfrica e europa oriental, o ilú, uma espécie de atabaque usado na jurema a na umbanda aqui da região da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, a moringa, o djembê e a zabumba.

B.B.: Quais bandas e projetos você participa hoje?

J.C.:Participo das bandas ChicoCorrea & ElectronicBand (http://www.myspace.com/chicocorreaelectronicband), um combo que mistura música regional com jazz e música eletrônica, The Silvias(http://www.myspace.com/thesilvias20horasdomingo), um grupo que mistura jazz, rock progressivo e trip-hop, com pitadas de world music, Sanmetak Trio (http://www.myspace.com/sanmetaktrio), que é um trabalho em cima de música de improviso,bastante influenciado por ritmos nordestinos e world music, e mais recente comecei a trabalhar com o grupo Afronordestinas, um grupo de rap com uma “vibe” bem nordestina.
Também trabalho com minha mulher, a bailarina de dança do ventre e estilo tribal Kilma Farias (www.myspace.com/kilmita), com apresentações e oficinas e participo dos projetos “Sabará-dança e música de fusão” e “Projeto Tamborete”. O Sabará é composto por 2 bailarinas e 1 músico (as bailarinas Kilma Farias e Jaqueline Lima- e eu na percussão), e trabalha sempre com dança e música ao vivo em ambiente urbanos, unindo vários estilos de dança e música nas suas apresentações. O Projeto Tamborete começou esse ano, uma iniciativa do percussionista (e grande amigo) Ely Porto, e é um grupo de percussão formado apenas por zabumbas, e que além de trabalhar ritmos nordestinos como baião, côco e ciranda também se utiliza de funk, drum n´bass e estilos mais contemporâneos.

B.B.: Quais objetivos daqui pra frente?

J.C.: Gravar e lançar novos trabalhos do The Silvias e Chico Correa, gravar meu próprio material (vocês podem ouvir trechos em www.myspace.com/cassicobra), e continuar trabalhando, tocando, aprendendo, ensinando….

B.B.: O que você acha da música eletrônica? Especificamente a percussão, você acha que perde o feeling orgânico?

J.C.:Eu gosto bastante de música eletrônica, acho alguns grupos e djs simplesmente geniais na criação de batidas – o pessoal pode não tocar percussão, alguns até não estudaram música, mas sua maneira de organizar, compor e imaginar as músicas é válida e muito importante pra música contemporânea. Quanto ao suíngue, ao feeling orgânico, isso cabe aos percussionistas e bateristas inserirem dentro do eletrônico né? Eu vejo a música eletrônica mais como ferramenta do que como estilo (talvez por tocar em tantos grupos que fundem orgânico e eletrônico), como uma nova gama de possibilidades que se abrem para o músico.

B.B.: O que você acha dessa enorme mistura de tendências que se dá na chamada “Música Contemporânea”, e qual é o resultado disso na música e no público?

J.C.: É ótimo!!! Acho que nunca tivemos tanto acesso a música de vários tipos como temos hoje, nessa realidade pós-internet, pós-mp3, pós-Ipod. Acho que podemos cada vez mais afirmar que cada pessoa escuta o que realmente gosta, sem influências mercadológicas duvidosas. Como músico e como ouvinte, apreciador de música eu fico extremamente feliz em ter todo esse material diferente a disposição.

B.B: Como reaproximar o povo da Cultura Popular Raiz?

J.C.: Mas e o povo se afastou da cultura popular? Se afastou então não é povo, ou a cultura popular não precisa desse nome mais… Na minha opinião o que é denominado como cultura popular está sempre se modificando se alterando de modo que possa sobreviver aos tempos modernos. A cultura popular não é imutável!! e está presente em muitas manifestações de massa, o que muitas vezes nos passa desapercebido. Já ouvi muita batida de ijexá e outras levadas de terreiro no Funk Carioca, assim como o Kuduru (música eletrônica de países como Angola e Moçambique) tem muito da polirritmia africana.então esta tudo aí ainda, para o povo ouvir, se divertir e dançar.

B.B.: Um recado para os novos e antigos percussionistas e pra galera do Batuque.

J.C.:Pratiquem bastante,ouçam muita música (não só percussiva), e continuem tocando!! Porque tocar percussão é muito bom!

B.B.: Obrigado pela presença irmão, que nossos batuques se encontrem por aí!

A Agenda do João:
14/11-Apresentação com Sanmetak Trio-XV Seminário de Yoga da Paraíba-Hotel Caiçara-20:00 Horas.
17/11-Apresentação com ChicoCorrea & ElectronicBand-IESP faculdades (a confirmar)
06/12-Apresentação com a bailarina Kilma Farias-Sobral/CE
07/12 Apresentação e workshop com a bailarina Kilma Farias-Sobral/CE

Um BatuQ com Reppolho

18 de outubro de 2008 às 7:03 | Publicado em Entrevistas, Reppolho | Deixe um comentário

B.B: Como foi a sua trajetória como Percussionista?

Repp: A minha trajetória de 34 anos de carreira, não se resume só em sucesso , mas também, em muita luta e persistência. Ela começou em Recife aos 16 anos (1972). Aos 18 anos passei a tocar em casas noturnas, bailes e festivais.Cheguei ao Rio em 1979, a convite do Jonny Alf, pianista precursor da Bossa-Jazz no Brasil. A partir daí, passei a tocar com diversos nome da MPB, tais como : Gilberto Gil ( 7 anos), Milton Nascimento, Gal Costa, João Bosco, Nana Caymmi, Blitz, Tim Maia, Paulo Moura , (atuei como percussionista solista ao lado da orquestra sinfônica de Brasília) , Pepeu Gomes, Baby do Brasil, Carmem Costa, Elba Ramalho ( 5 anos) e Moraes Moreira com quem toco hà 11 anos, entre outros.

B.B: Vindo do Nordeste, especificamente de Pernambuco, turbilhão cultural do Brasil, a Percussão aconteceu naturalmente?

Repp: Com certeza , a minha formação musical tem uma base muito forte na minha origem Afro-Indígena Pernambucana, influenciada por outras linguagens musicais universais como: o Rock, a Black music Brasileira e Americana, ritmos Caribenhos e a nossa MPB em geral.

B.B: Com 34 anos de carreira completos agora no lançamento do seu novo trabalho: Zabumbeat ; quais seus objetivos daqui pra frente?

Repp: Meus próximos objetivos são: lançar um dicionário sobre ritmos e instrumentos de percussão, um DVD sobre minha trajetória, criar minha própria escola de percussão, que já está sendo iniciada através do curso intensivo que venho dando para alguns alunos com aulas particulares. São vários projetos que pretendo concluir.

B.B: Você tem uma presença no palco muito forte, quem já te viu ao vivo sabe que rola uma energia de entidades do batuque ; é puro feeling ?

Repp: Com certeza, a música tem o poder de transformação, e para que isso aconteça é preciso se entregar com sentimento, amor e determinação, deixando que a energia flua naturalmente através do carisma dado por Deus, que é o mais importante, caso contrário, ficaria só técnica e teoria.

B.B: O que vc acha do eletrônico na música ? Especificamente na percussão , você acha que perde o feeling ?

Repp: Acho que não, pelo contrário, a percussão para continuar existindo dentro do conceito musical atual tem que caminhar junto com a tecnologia. A verdadeira função da percussão dentro da música eletrônica é fundamental para dar o toque humano,e para isso cabe aos percussionistas estarem prontos para se enquadrar nesta linguagem, se não serão excluídos e taxados como coisa do passado. O meu primeiro disco Tribal Tecnológico lançado em 89, já era um disco que misturava bateria eletrônica, teclados e minha pegada percussiva . Esta foi uma maneira de provar , que o primitivo ou tradicional , jamais serão ofuscados pela tecnologia e que o ritmo é a base de tudo.

Galera do batuque, nunca desista dos seus sonhos. E para ser um bom percussionista, é preciso está de coração aberto e preparado para todas as tendências musicais, só assim continuaremos a existir sobrevivendo dos nossos batuques.

Um forte abraço para todos e até o próximo show.

Reppolho

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